Jeito Certo Consultoria

O poder da resiliência

Resiliência é um conceito que em certo sentido já foi ultrapassado por outro, o conceito da antifragilidade.

Ser resiliente é superar obstáculos, é se adaptar a mudanças. É ter um nível alto de aceitação para as circunstâncias cotidianas e inesperadas da vida, o que na maioria dos casos, todo ser humano tem.

Os pesquisadores britânicos, doutores Michael Pluess e Aneta Tunariu, afirmam que cada um de nós tem a capacidade para ser resiliente. Algumas pesquisas sugerem até que existe um componente genético para ser mais ou menos resiliente.
Ser antifrágil é ir um pouco além, é conseguir não apenas suportar, mas extrair pontos favoráveis de circunstâncias adversas. É, explicando de uma forma bastante simplista, obter algum benefício em meio ao caos.

O antifrágil evolui diante dos acontecimentos e não tem expectativa de voltar à “forma original”, enquanto o resiliente apenas resiste aos impactos, permanecendo ileso.

Mas, se temos um conceito mais completo, por que falar da resiliência? Porque sem ela não chegamos no “nível 2”, não alcançamos voos mais altos.

Ontem na posse do presidente Lula, deixando claro que não sou petista nem bolsonarista, o que me chamou mais atenção foi a resiliência. Como algumas pessoas passam por verdadeiros vales e continuam com energia para sonhar, planejar e realizar.
Independentemente das preferências e vieses políticos é fundamental que o povo brasileiro una forças para alavancar uma nação. Deixar de ser o país do futuro exige de todos nós o “arregaçar das mangas”.

Alguns nunca param.

Moro no Rio de Janeiro e recentemente tive o privilégio de conhecer um trabalho social que inclui e empodera mulheres para se integrarem ou se reintegrarem ao mercado de trabalho. Mulheres vítimas de violência física e/ou psicológica que não sabem por onde começar para se livrarem das agressões e terem sua dignidade resgatada.

O Empoderadas, programa realizado por uma Secretaria de estado em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, nunca parou.

E agora, o que esperamos para o Brasil? Que essa palavra, esperar, tenha o sentido conotativo de planejar.

Como presidente do G20 muitas são as oportunidades e frentes de atuação. O G20, abreviação para Grupo dos 20, é formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, juntamente com a União Europeia.

Trata-se de um dos principais grupos de governança econômica global, o que denota grande oportunidade para o Brasil. O país está presidindo o grupo desde o último dia 01 de dezembro.

Com uma agenda repleta de prioridades: fome zero, saúde, educação, diminuição da desigualdade, será uma possibilidade de diplomaticamente reforçarmos e construirmos parcerias relevantes, pautadas em projetos responsáveis, críveis e principalmente, previsíveis.

Temos uma agenda também relevante de sustentabilidade, a qual precisará cobrir a proteção ambiental, a mitigação da mudança climática, mercado de carbonos, financiamento verde e o combate ao desmatamento.

O Brasil é uma potência e tem toda condição de protagonizar os assuntos: economia verde e bioeconomia, caso apresente talento para gerenciar as sucessivas crises e diminuir as incertezas.

É preciso avançar!

Por mais que pareça contraditório, avançar exige de nós resiliência. Avançar por vezes é não andar para trás.

A psicologia demonstra que muitas respostas sábias são entregues quando respeitamos a pausa essencial entre o estímulo e a resposta. Sem resiliência não é possível respeitar esse intervalo.

Um outro fator relevante quando o assunto é avançar, é considerar o que não deu certo. Repetir ações que não funcionaram no passado é alta garantia de não ter êxito novamente.

É preciso resiliência para testar novas frentes. O novo carrega conceitualmente uma certa imprevisibilidade, para a qual é preciso ter resiliência para gerenciar.

Para avançar é necessário também enfrentar oposições. O enfrentamento pacífico, através de diálogos construtivos (construção de pontes ao invés de muros), expondo de forma clara e respeitosa as ideias, entendendo que equipes diversas trazem soluções de forma mais rápida e criativa.

Além disso, é preciso resiliência para fomentar, incentivar e criar parcerias, sem as quais não é viável o avanço. E ainda, é preciso resiliência para respeitar regras, as quais balizam e estruturam o crescimento.

Por fim, relembrando a nossa diversidade cultural, étnica e a biodiversidade, para que possamos valorizar essa imensa riqueza, é preciso resiliência!

Diante da constatação da força alavancadora da resiliência, como desenvolvê-la?

Sem pretender explanar esse assunto de uma forma muito cartesiana, pessoas com alta performance na comunicação, (comunicativas e assertivas), que têm o hábito de definir objetivos, que possuem autoconfiança e boa autoestima e conseguem lidar melhor com as diferenças, sejam entre outros indivíduos ou do próprio ambiente em que vivem, têm maiores chances de desenvolver a resiliência.

Parafraseando uma de minhas músicas favoritas, ser resiliente é “andar devagar porque já se teve pressa, carregando um sorriso, porque já se chorou demais, sem esquecer que cada um de nós traz em si a capacidade e o dom de ser feliz!”

Artigo publicado no JB em 11/01/2023.